Por natureza,
o salvo por Jesus Cristo deveria ser alegre. A salvação é fonte de alegria. O
sentir-se perdoado e amado pelo Senhor gera contínua felicidade. O convívio com
outros irmãos é fonte de perene contentamento. Aprender a aceitar o irmão
difícil, compreendê-lo e ajudá-lo a desenvolver seus dons e talentos estimula a
alegria do servir. Cada culto é um convite a alegrar-se no Senhor. O estudo
sistemático da Bíblia e a Mensagem de Salvação que alcança os pecadores são
geradores normais de alegria espiritual. Saber que os anjos se alegram ante o
trono divino quando um pecador se arrepende e permite que o Espírito Santo o
conduza a Cristo, é mais do que alegria. A Bíblia contem vários textos que nos
convidam a alegria perene. “Alegrei-me quando me disseram: vamos à casa do
Senhor” (Sl 122.1).
O apóstolo
Paulo insistiu com os cristãos, em Filipos, a cultivar a alegria.
“Regozijai-vos sempre no Senhor” (Fp 4.4). Quando os 70 discípulos voltaram da
primeira “trans” da história, estavam tão alegres, que Jesus precisou
adverti-los para a alegria maior: a alegria de terem seus nomes escritos no
Livro da Vida (Lucas 10.17-20). A euforia dos discípulos atingiu Jesus. Lucas
registra: “Naquela mesma hora se alegrou Jesus no Espírito Santo” (Lc 10.21).
Alegria gera alegria e produz gratidão. O salvo alegre é grato e contamina os
demais com o reconhecimento de que tudo procede do Pai.
Esta alegria
que deveria integrar a vida e o labor dos salvos está morrendo. São muitos os
motivos que estão contribuindo para o arrefecimento da alegria na vida dos
salvos na atualidade. Os cultos em si não desafiam a alegria dos que cultuam.
As mensagens dos púlpitos são pobres quanto à Palavra de Deus. É o último item
na ordem do culto, com tempo limitado e auditório cansado. As músicas e o
denominado louvor é praticado por um grupo pequeno, que não consegue levar os
salvos à verdadeira alegria da adoração. A maior parte do auditório se contenta
em aplaudir, bater palmas, mas sem cantar. A ginga do corpo é cansativa e
desestimula a concentração geradora da alegria, os temas desenvolvidos pelo
púlpito são estranhos à realidade vivenciada pelo auditório na segunda-feira. A
comunhão entre os que cultuam inexiste; ninguém conhece ninguém. O drama do
irmão que está sentado na poltrona ao lado não me alcança. Não há interação
entre os adoradores. O culto, que deveria ser coletivo, torna-se individualista
e exclusivista. A expressão “alegrai-vos comigo” (Lc 15.6;9) não mais existe em
nossas igrejas. A cada novo dia a Igreja cede lugar a pequenas comunidades,
onde a alegria do culto e a comunhão do ser Igreja inexiste.
Os mesmos
problemas que atormentam a sociedade sem Deus integra a vida da Igreja. Não
conseguimos, como Igreja, estabelecer ou apontar caminhos para o mundo sem
Cristo. Os assuntos que são contrários à Bíblia são impostos pelos ateus como
válidos e a Igreja insiste em permanecer na trincheira em vez de lutar em campo
aberto. Acossada pela sociedade corrupta, corrompida, adultera e perversa, a
Igreja se encolhe na sua fragilidade. Contenta-se em fugir em vez de atacar. A
expressão de Jesus no sermão de despedida: “Eu venci o mundo” (Jo 16.33) soa
invertida aos olhos dos cristãos. Na tristeza dos salvos persiste a mudança do
sujeito da frase. Em lugar do “eu venci o mundo”, a realidade grita: “o mundo
nos venceu”.
É triste
verificar que o denominado país “cristão” ao ouvir o discurso de gratidão da
vencedora das últimas eleições para presidente, em nenhum momento reconheceu a
soberania divina sobre os povos. O “eu” enfático avisa que nos espera no futuro
são tristezas e mais tristezas por ver a sociedade sem o temor de Deus agindo
como pequenos deuses. Orgulhosos, incrédulos e arrogantes.
Como salvos,
resta-nos o consolo do lamento profético: “Não vos comove isto a todos vós que
passai pelo caminho? Atendei e vede se há dor igual a minha dor” (Lm 1.12). Por
isso, integro a multidão dos salvos tristes que aguardam com ansiedade um
avivamento que nos traga de volta a alegria.
Julio Oliveira Sanches
Colunista de OJB
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