sexta-feira, 28 de novembro de 2014

SALVOS TRISTES!!



Por natureza, o salvo por Jesus Cristo deveria ser alegre. A salvação é fonte de alegria. O sentir-se perdoado e amado pelo Senhor gera contínua felicidade. O convívio com outros irmãos é fonte de perene contentamento. Aprender a aceitar o irmão difícil, compreendê-lo e ajudá-lo a desenvolver seus dons e talentos estimula a alegria do servir. Cada culto é um convite a alegrar-se no Senhor. O estudo sistemático da Bíblia e a Mensagem de Salvação que alcança os pecadores são geradores normais de alegria espiritual. Saber que os anjos se alegram ante o trono divino quando um pecador se arrepende e permite que o Espírito Santo o conduza a Cristo, é mais do que alegria. A Bíblia contem vários textos que nos convidam a alegria perene. “Alegrei-me quando me disseram: vamos à casa do Senhor” (Sl 122.1).

O apóstolo Paulo insistiu com os cristãos, em Filipos, a cultivar a alegria. “Regozijai-vos sempre no Senhor” (Fp 4.4). Quando os 70 discípulos voltaram da primeira “trans” da história, estavam tão alegres, que Jesus precisou adverti-los para a alegria maior: a alegria de terem seus nomes escritos no Livro da Vida (Lucas 10.17-20). A euforia dos discípulos atingiu Jesus. Lucas registra: “Naquela mesma hora se alegrou Jesus no Espírito Santo” (Lc 10.21). Alegria gera alegria e produz gratidão. O salvo alegre é grato e contamina os demais com o reconhecimento de que tudo procede do Pai.

Esta alegria que deveria integrar a vida e o labor dos salvos está morrendo. São muitos os motivos que estão contribuindo para o arrefecimento da alegria na vida dos salvos na atualidade. Os cultos em si não desafiam a alegria dos que cultuam. As mensagens dos púlpitos são pobres quanto à Palavra de Deus. É o último item na ordem do culto, com tempo limitado e auditório cansado. As músicas e o denominado louvor é praticado por um grupo pequeno, que não consegue levar os salvos à verdadeira alegria da adoração. A maior parte do auditório se contenta em aplaudir, bater palmas, mas sem cantar. A ginga do corpo é cansativa e desestimula a concentração geradora da alegria, os temas desenvolvidos pelo púlpito são estranhos à realidade vivenciada pelo auditório na segunda-feira. A comunhão entre os que cultuam inexiste; ninguém conhece ninguém. O drama do irmão que está sentado na poltrona ao lado não me alcança. Não há interação entre os adoradores. O culto, que deveria ser coletivo, torna-se individualista e exclusivista. A expressão “alegrai-vos comigo” (Lc 15.6;9) não mais existe em nossas igrejas. A cada novo dia a Igreja cede lugar a pequenas comunidades, onde a alegria do culto e a comunhão do ser Igreja inexiste.

Os mesmos problemas que atormentam a sociedade sem Deus integra a vida da Igreja. Não conseguimos, como Igreja, estabelecer ou apontar caminhos para o mundo sem Cristo. Os assuntos que são contrários à Bíblia são impostos pelos ateus como válidos e a Igreja insiste em permanecer na trincheira em vez de lutar em campo aberto. Acossada pela sociedade corrupta, corrompida, adultera e perversa, a Igreja se encolhe na sua fragilidade. Contenta-se em fugir em vez de atacar. A expressão de Jesus no sermão de despedida: “Eu venci o mundo” (Jo 16.33) soa invertida aos olhos dos cristãos. Na tristeza dos salvos persiste a mudança do sujeito da frase. Em lugar do “eu venci o mundo”, a realidade grita: “o mundo nos venceu”.

É triste verificar que o denominado país “cristão” ao ouvir o discurso de gratidão da vencedora das últimas eleições para presidente, em nenhum momento reconheceu a soberania divina sobre os povos. O “eu” enfático avisa que nos espera no futuro são tristezas e mais tristezas por ver a sociedade sem o temor de Deus agindo como pequenos deuses. Orgulhosos, incrédulos e arrogantes.

Como salvos, resta-nos o consolo do lamento profético: “Não vos comove isto a todos vós que passai pelo caminho? Atendei e vede se há dor igual a minha dor” (Lm 1.12). Por isso, integro a multidão dos salvos tristes que aguardam com ansiedade um avivamento que nos traga de volta a alegria.
Julio Oliveira Sanches
Colunista de OJB

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